
A arte do antigo Egito serve ,
acima de tudo, de objetivos políticos e religiosos. Para compreender a que
nível se expressam estes objetivos é necessário ter em conta a figura do
soberano absoluto: o Faraó. Ele é o representante de Deus na Terra e é
este seu aspecto divino que vai vincar profundamente a manifestação artística,
de modo que a arte representa, exalta e homenageia constantemente o faraó e as
diversas divindades da mitologia egípcia, sendo aplicada principalmente a peças
ou espaços relacionados com o culto dos mortos, isto porque a transição da vida
à morte é vista, antecipada e preparada como um momento de passagem da vida
terrena à vida após a morte - a vida eterna e suprema. Como o Faraó é imortal e
todos seus familiares e altos representantes da sociedade têm o privilégio de
poder também ter acesso à outra vida, os túmulos são, por tudo isto, marcos
mais representativos da arte egípcia.
A arte
egípcia é profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de
significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis
hierárquicos e a descrever situações. Do mesmo modo, a simbologia serve à
estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida criando um
forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes. A harmonia e o
equilíbrio sempre são mantidos, qualquer perturbação neste sistema é,
consequentemente, um distúrbio na vida após a morte. Para atingir este objetivo
de harmonia são utilizadas linhas simples, formas estilizadas, níveis
rectilíneos de estruturação de espaços, manchas de cores uniformes que
transmitem limpidez e às quais se atribuem significados próprios. A hierarquia
social e religiosa traduz-se, na representação artística, na atribuição de
diferentes tamanhos à diferentes personagens, de acordo, claro, com a sua
importância, por exemplo, o Faraó será sempre a maior figura, numa
representação bidimensional e que possui estátuas e espaços arquitetônicos
monumentais.
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